sexta-feira, 1 de julho de 2011

Desenvolvimento ao longo da idade adulta

O estudo do desenvolvimento humano ao longo da vida adulta já não se baseia essencialmente no crescimento físico e na rápida aquisição de competências cognitivas.
O crescimento dos adultos é definido em termos de marcos sociais e culturais, à medida que os jovens lutam para se tornarem membros auto-suficientes da sociedade.

Maturidade e relógios biológicos

            A maturidade pode ser definida de diferentes formas, sendo relativizada a diferentes acontecimentos, momentos da vida ou contextos socioculturais.
            Paralelamente, há também certas características psicológicas que estão associadas à maturidade: independência e autonomia psicológica, tomada de decisão independente, algum grau de estabilidade, sabedoria, fiabilidade, integridade e compaixão.
  
Relógios Biológicos

            Os relógios biológicos são uma forma de temporização interna, ou uma forma de sabermos se estamos a progredir demasiado devagar ou demasiado rápido em termos de eventos sociais e no que respeita ao progresso dos nossos pares.
            Hoje em dia, os relógios biológicos são menos rígidos agora do que eram em décadas anteriores mas, curiosamente, parece que há alguma relação desta maior flexibilização com a classe social: quanto mais alta, mais aceitável é o “luxo” de atrasar as tarefas que deviam ser executadas numa determinada altura da vida.

Estádios de Desenvolvimento

Se na perspectiva das fases do ciclo de vida acentua-se uma sequência horizontal, onde as diversas fases não são apresentadas como um crescimento para a maturidade ou sabedoria; a investigação dos estádios de desenvolvimento apresenta uma progressão de níveis numa linha vertical, ou seja, cada estádio é qualitativamente melhor e superior ao que lhe antecede. Esta perspectiva considera que o indivíduo está em crescimento contínuo, desde formas simples de vida até formas mais complexas, ou seja, da imaturidade até à maturidade.

 ·         Intimidade vs Isolamento
·         Generatividade vs Estagnação
·         Integridade vs Desespero

            Erikson (1963, 1976) dedicou-se ao estudo do desenvolvimento da personalidade, tendo o seu trabalho tido uma grande influência e impacto nos estudos posteriores do desenvolvimento humano. Para este autor o desenvolvimento da personalidade prolonga-se ao longo da vida, interessando apenas na abordagem deste trabalho os estádios da personalidade na vida adulta. Cada uma das etapas, ou estádios, “relaciona-se sistematicamente com todos os outros e que todos eles dependem do desenvolvimento adequado na sequência própria de cada item. Cada fase é caracterizada por uma crise psicossocial a qual é baseada no crescimento fisiológico, bem como nas exigências colocadas ao indivíduo pelos outros (pais e/ou sociedade).
            A primeira etapa  que marca o início da vida adulta é a crise da intimidade. Intimidade significa capacidade de intimidade sexual, pois agora a genitalidade desenvolve-se com vista à maturidade genital (ou seja, íntima mutualidade sexual), mas significa também “a capacidade para desenvolver uma autêntica e mútua intimidade psicossocial com uma outra pessoa, seja na amizade, em encontros eróticos ou em inspiração conjunta. O perigo desta etapa é o isolamento, que significa a incapacidade de correr riscos para a própria intimidade, muitas vezes devido ao medo das consequências dessa mesma intimidade (filhos, responsabilidades familiares, etc.). A verdadeira intimidade só é possível se o indivíduo já tiver desenvolvido a sua identidade (estádio anterior à intimidade).
            A etapa da generatividade é a fase da maturidade da pessoa humana. No entanto, o facto de se ter ou querer ter filhos não significa automaticamente generatividade. O conceito de generatividade inclui a capacidade de produtividade e criatividade da pessoa na relação consigo própria e com os que a rodeiam. Generatividade significa, pois, capacidade de ir para além dos interesses pessoais, de ir para além das certezas pessoais. O perigo desta etapa é exactamente esse, a que Erikson denomina de estagnação.
            Finalmente, a última etapa corresponde ao culminar do progressivo amadurecimento da pessoa humana: a fase da integridade. Este crescimento permite ao indivíduo ser capaz de aceitar o seu ciclo vital e daqueles que se tornaram significantes ao longo desse mesmo ciclo. Na integridade, a pessoa não receia encarar todo o seu ‘caminho percorrido’, levando-o a compreender o percurso das pessoas que acompanharam o seu ciclo de vida. O perigo desta etapa reside no desespero. Assim, o desespero manifesta o facto de o indivíduo sentir que o tempo é demasiado curto para voltar a começar a sua vida com vista a encontrar rumos alternativos para a integridade.

1 comentário:

  1. Pode parecer um paradoxo, mas atingir o chamado “apogeu da vida” faz-nos descobrir que o mesmo (a plenitude, o apogeu) tem um prazo, isto é, vai acabar. Para frente não há mais crescimento, mas finitude. Em algum momento entre os 35 e 45/50 anos muitos de nós percebem que não somente a vida tem um fim, mas que mais da metade da vida já se passou. É como se constatássemos que deixamos de crescer e começamos a envelhecer. Na contabilidade da vida temos um amontoado de sonhos frustrados e desejos não consumados, principalmente de que não fomos, e provavelmente não seremos jamais, tão grandiosos e notáveis assim. Aquela antiga máxima beatnik “viva intensamente e morra jovem” não pode ser mais afirmada, afinal na meia-idade podemos morrer de qualquer maneira, menos jovens, pois já não somos.

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